domingo, 1 de março de 2009

PIT BULL: CULPADO É ELE OU SEU DONO?


C A C H O R R O L E Ã O
Hoje de manhã ao abrir a janela e ver o rascunho de um lindo dia, com céu azul e um sol recém nascido prenunciando tempo bom, olhei o desenho feito por algumas nuvens e me deixei levar pelo vôo de um pombo, leve e madrugador. Até o momento em que um arremedo de choro transportou-me de volta ao quarto. Marina, minha filha de quatro meses de idade, acabara de acordar e, como em todos os outros dias, me chamava mais uma vez com seus ininteligíveis, mas, para mim, completamente compreensíveis balbucios.
Passei por ela e fui lhe preparar uma mamadeira, pensando em depois levá-la para um passeio na praia, afinal o dia estava bastante convidativo. E assim nós fizemos. Já arrumada, mamou, arrotou, sorriu e saímos. Seus olhos vivos não perdiam um só detalhe de tudo que se passava à nossa volta: nossas plantas nas caqueiras, o descer as escadas, as cores das paredes, as roupas no varal, o abrir de cadeados e portas e até os reflexos dos nossos rostos nas vidraças do carro.
Já na rua, as pessoas. Umas passam e nem olham, sobretudo os homens. Crianças sempre olham com curiosidade para um bebê passando ao lado. As mulheres, quase todas, olham e dão um ar de riso e até arriscam perguntar alguma coisa como o nome, o tempo de nascimento e se é menino ou menina aquela pessoinha.
Chegamos na praia. O céu continuava azul e o sol já se espalhava e se preparava pra arder. O mar estava calmo, com seu barulho que era quase um acalanto. Eu podia ouvi-lo de longe. Alíás levo minha filha à praia para tomar o recomendado banho de sol, mas o meu intuito mesmo é levá-la para ouvir o som do mar e é impressionante o efeito causado nela pelo marulhar: ela dorme como nunca consegue dormir em casa. Ela ri pro mar e adormece. Mas, não hoje. Notei que estava tensa e inquieta e eu sem saber porquê. Tive a resposta quando olhei para o lado e vi a uns vinte, trinta metros de nós, um sujeito de estatura alta, musculoso e malhado, vestindo camiseta e bermuda coladas, trazendo em uma das mãos uma coleira, uma guia de cães e uma banda de casca de coco verde que arremessava com força para seu cão ir buscar. O rapaz brincava com seu PITBULL, completamente indiferente às pessoas que como eu ousaram dividir o espaço que ele julga ser só dele e do seu cão.
Imediatamente retornei para a calçada e quase encerrei o meu passeio, imaginando o que poderia acontecer a uma pessoa com uma criança de quatro meses no colo, caso o animal – o de quatro patas – cismasse de vir pra cima dela. O que se faz numa situação dessas? Ser mais um “acidente” que aparece nos jornais todos os dias? Todos os dias aparecem nos noticiários, vários ataques dessas bestas – e não me refiro só aos cachorros, mas principalmente aos seus donos – estraçalhando crianças, idosos ou qualquer outra pessoa que passe em sua frente. E essas bestas veem televisão e não aprendem nada e nunca.
Marina tem quatro meses. Tenho uma outra filha, Savana, e hoje ela tem vinte e três anos. Quando ela tinha a mesma idade que a irmã tem agora, levei-a como fazia todos os dias para ouvir o mesmo som do mar e desta vez me deparei com o cão da moda na época o chamado dobermam, cujo dono o soltara também para brincar como se a praia fosse o seu quintal. Ele veio disparado em nossa direção, soltando baba para todos os lados e eu desesperado sem saber o que fazer. A minha sorte foi ter lembrado uma oração que a minha avó me ensinou quando eu era menino, que me salvou e que agora passo pra vocês. Ela dizia assim: “cachorro leão, Jesus Cristo morreu na cruz por mim, por ti não”. A oração, como minha avó me ensinara, era pra ser repetida por três vezes e ela garantia que cachorro nenhum me atacaria. Deu certo! O cão não nos mordeu. Deu uma volta em torno de nós e voltou para o seu dono nos olhando com uma expressão de completo desprezo. Reclamei com ele, o animal de dois pés, que ainda se achou no direito de ficar com raiva de mim porque pedi que prendesse a sua arma.
Caso alguém saiba de alguma oração que tenha algum poder sobre esses criadores não de cães, mas de casos de abuso de espaços públicos, que nos envie para evitarmos tanta dor a pessoas que passeiam para ouvir o som do mar, estão em seus terraços ou simplesmente em suas calçadas apreciando um simples volteio de um pombo madrugador.

As imagens desta postagem estão na notícia sobre proibição de criação de Pit Bull em Santa Catarina. Leia mais em http://acangatu.blogspot.com/2008/07/santa-catarina-probe-criao-de-pitbull.html